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terça-feira, fevereiro 17, 2009

22 marmanjos e uma bola 

Diego Corneta

“... pernas correndo de um lado para outro em busca de uma pequena esfera de couro, em meio a rugidos ferozes da platéia, pode levá-lo a perguntar-se, numa ânsia súbita de abandono ou entrega ao destino, à velhice, à morte, se faz algum sentido isso: homens e mulheres de todas as idades a gritarem numa paixão histérica por algo que não passa de uma bola entrando neste ou naquele gol? Caralho, para uma pessoa sensata, que diferença isso pode fazer?” – Sérgio Sant’Anna, Na boca do túnel.

Muita gente não vê lógica na paixão pelo futebol. Eu mesmo, de vez em quando, sou um deles. Em 2000, depois da derrota do Corinthians para o Palmeiras na semifinal da Libertadores, eu fiquei mal por uns 10 dias. Na noite do jogo eu nem dormi direito, fiquei revirando na cama e com imagens do jogo na cabeça. Depois daquele episódio traumático, decidi que não ia mais ser afetado por uma derrota. Deu certo. Não chorei quando o Cortinhians foi rebaixado e nem quando perdeu o título quase certo da Copa do Brasil (ano passado). Aliás, desde 1999 que eu não derramo uma lágrima sequer por um time de futebol. Não vale a pena.

Quando acontecem episódios como o que aconteceu no último domingo, volto a me perguntar. Qual é o motivo disso tudo? Esvaziem o futebol. Esqueçam a paixão, que é emocional e irracional. Esqueçam a história e a tradição dos clubes. Esqueçam o folclore. O que sobra? Um jogo, um esporte, mais nada. Não há mais camisas, não há mais ídolos e não há mais paixão. No limite da racionalidade, o futebol não passa de um jogo de 22 marmanjos correndo atrás de uma bola. E só.

E sempre, depois de tragédias como a ocorrida no Morumbi, aparecem promotores, policiais, sociólogos e especialistas de plantão. Sou muito pessimista em relação a tais fatos. São tantos os culpados e os motivos que geram um episódio desses, que seria injustiça apontar apenas alguns. A violência faz parte da nossa sociedade e, em alguns períodos, ela fica mais ou menos latente. Se eu pudesse fazer alguma coisa, se eu tivesse uma varinha mágica ou uma lâmpada do Aladim, eu pediria para as pessoas não levarem o futebol a sério. Não vale a pena. Não é saudável.

Qual é o sentido de brigar por um time? Qual é o sentido de ficar triste e mal-humorado por causa de um jogo? Nenhum. As torcidas organizadas são, em boa parte, compostas por jovens irresponsáveis e inconseqüentes, que utilizam uma camisa, uma bandeira e uma carteirinha para darem sentido e vazão às suas frustrações e limitações. Os dirigentes, em sua maioria absoluta, são corruptos e irresponsáveis; gostam de aparecer e gostam do poder e do dinheiro. Os jogadores são, também em sua maioria absoluta, um bando de alienados que só pensam em ganhar a maior quantidade de dinheiro em menor tempo possível. É um esporte plasticamente muito bonito, sem dúvida. É legal de ver e de jogar, mas é um jogo, nada mais que isso.

Do jogo
Mano Menezes tremeu. Pensou que o São Paulo fosse entrar com o time titular e escalou o Corinthians com três zagueiros (William, Jean e Escudero), dois volantes estritamente marcadores (Cristian e Túlio) e dois atacantes que ajudavam na marcação, Morais, improvisado, e Jorge Henrique, que já confessou que gols não fazem parte da sua carreira. Mano entrou para não perder, com medo. O São Paulo entrou com o time reserva, limitado e desentrosado. O primeiro tempo foi de amargar, muito ruim mesmo.

No segundo tempo, mesmo com um jogador a mais, o São Paulo não conseguia chegar ao gol do Felipe. Só melhorou depois da entrada do ótimo Hernanes, que fez toda a jogada do gol tricolor. Com as entradas de Souza e Boquita, o Corintihans melhorou e empatou o jogo. O 1X1 acabou sendo muito melhor para o São Paulo, pois jogou com o time reserva. Sei não, com esse esquema que o Mano entrou em campo, tenho a impressão que se o São Paulo jogasse com o time titular, golearia o covarde Corinthians. Não é a primeira vez que o Mano se mostra covarde e retranqueiro. O raciocínio é simples: se o time não jogar para ganhar, não irá ganhar. A não ser que seja num lance casual, com o tal “gol de bola parada” ou com falhas do adversário. Se o Mano prosseguir com essa postura covarde nos clássicos, melhor ele procurar outro clube. No Corinthians, não serve.


1 Comentários:

Mas, Diego... QUALQUER COISA NESSA VIDA não tem sentido se tirarmos o amor, paixão, tradição, folclore, etc.

Já virou lugar-comum dizer que futebol é um bando de marmanjos correndo atrás de uma bola. É sempre ele que é "pego pra Cristo". Mas pensa aí: do que valeria um happy hour com os amigos sem todas as características escritas à cima? Não bastaria de um bando de marmanjo sentado numa mesa de bar falando besteira! Qual a razão disso?

Acho que devemos SIM olhar o futebol através de um prisma lúdico! Claro que temos que ter limites e tentar não sofrer tanto (eu sempre falo isso mas nunca consigo mudar...). Mas pô, qual a graça de ver isso com olhos racionais? Pra isso já temos os pregões da bolsa...

Agora, concordo plenamente qdo vc se refere à violência. Não tem justificativa alguma pessoas se machucarem e até se matarem por causa de uma partida de qualquer esporte.

By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, 20 fevereiro, 2009  

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1 Cornetadas

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