Corneta Esportiva

Diego Corneta

Depois de passar por São Cristóvão, Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madri e Milan, Ronaldo, finalmente, vai jogar em uma grande equipe, o Corinthians. Digo isso baseado em fatos. Vejamos: São Cristóvão é pequeno; o Cruzeiro é grande em Belo Horizonte e médio no Brasil; as torcidas de PSV, Barça, Real e Inter somadas não dão a zona leste de São Paulo. Eles podem ser clubes ‘oropeus’, ricos, falam línguas diferentes, mas não têm sequer um quinto da torcida do Timão. Portanto, será a primeira passagem do Ronaldo por um grande clube.

Aos 32 anos, gordo, e voltando de mais uma cirurgia no joelho, é óbvio que Ronaldo não será o craque que encantou o mundo em 1996, 1997 e 1998. Também não será o Ronaldo da de 2002, que deu a volta por cima e foi o principal jogador do Penta. Mas se ele conseguir ser o Ronaldo do Milan, antes de se machucar, já será o melhor atacante do Brasil e um dos melhores do mundo. Eu estou otimista.

Ronaldo veste o uniforme pela primeira vez

O Fenômeno não é burro. Além de dinheiro, com a passagem pelo Corinthians ele quer reconquistar seu prestígio e seu lugar na seleção. E o melhor lugar para ele obter isso de volta é no Parque São Jorge, a maior vitrine do Brasil. Basta dizer que o Corinthians, recentemente, já devolveu Parreira à seleção, já mandou Luizão, Ricardinho, Vampeta, Edilson e Dida para Copa de 2002. No Timão é assim, quem joga bem é valorizado, e muito. Nesse ano de 2008, mesmo na série B, não foram poucas as vozes que clamaram por Mano no lugar do Dunga e pelas convocações de Douglas e André Santos, que certamente virão.

Ronaldo chegou ao Corinthians sorrindo, assustou-se um pouco e, no final, voltou a sorrir novamente. Se ele pensa que tinha cobrança na seleção, no Real ou no Barcelona, melhor ir se preparando. No Timão, o buraco é mais embaixo. É o lugar propício para a consagração ou para a desgraça. No Corinthians tudo toma proporções gigantescas. Ele vai perceber isso rapidinho, assim como Tévez percebeu. Eu torço, sinceramente, que ele faça história no clube, com muitos gols e títulos.

Recepção de gala (ou de galã?)

Depois de Marcelo Ramos, Alberto ‘Asmático’, Rafael ‘He-Man’ Moura, Lucas, Jô, Bobô, Wilson e Clodoaldo, só para ficar nos nomes mais recentes, finalmente a camisa nove terá um nome de peso. Justo essa camisa que já foi de Nilmar, Luizão, Viola, Edmar, Casagrande, Baltazar, Cláudio, Neco e outros grandes centroavantes. Enfim, Ronaldo.

Provocação

Na apresentação do Fenômeno, com sirene, fogos e o diabo, os corintianos aproveitaram para provocar. Parodiando o grito flamenguista “Tu és.../ Time de tradição/ Raça, amor e paixão/ Oh, meu Mengão”, a torcida mandou os impagáveis versos: “Ronaldo é.../ Ele é do Timão/ Pau no cu do Mengão/ Oh, Coringão.”

Ninguém sabe, ninguém viu

Tri? Hexa? Quem fala disso? A contratação do Ronaldo abafou todos os demais assuntos. Ninguém mais fala dos outros times. Não há nada que São Paulo, Santos ou Palmeiras possam fazer. A união da maior torcida/público consumidor com o jogador mais famoso do mundo (depois do Pelé) é um prato cheio para todo mundo tirar uma casquinha.

A palavra

Nunca se falou (e se ouviu) tanto a palavra ‘marketing’! Veremos onde isso vai dar, em um ‘case’ (só para continuar no jargão publicitário) de sucesso ou em um mico do tamanho do King Kong.