Corneta Esportiva

Diego Corneta

E tudo o que mais se temia confirmou-se num fim de domingo qualquer. Qualquer? Pode escrever aí, dia 02 de dezembro de 2007 não foi um domingo qualquer. Para sempre a data será lembrada como o Dia de Finados alvinegro. Fiquei triste, lógico. Aliás, muito triste. Mas no fundo eu já esperava por isso, o time é o mais fraco da história e todo mundo sabia que seria muito difícil ganhar do Grêmio lá em Porto Alegre. Dada a (falta de) qualidade do time, o empate já foi surpreendente. Pouco antes do campeonato começar, eu já escrevi que o time lutaria para não cair (aqui, com o título “2X0 foi pouco!”). E voltei a falar em outros textos (aqui, “Rápidas & Rasteiras”, último post da página). Não sou vidente, mas era um fato evidente, só não via quem se recusasse a ver.

E não adianta o tal Andrés Sanchez falar em “herança maldita” e o tal Nelsinho falar que pegou o time “na UTI”. Todos têm suas parcelas de culpa. Diretoria atual, diretoria antiga, técnicos e jogadores. Nunca na história do Corinthians o time teve tantos péssimos jogadores juntos. Não é fácil juntar Aílton, Fábio Braz, Iran, Wilson, Vampeta, Ricardinho, Junior Negão, Amaral, Kadu, Gustavo Nery, Rosinei, Clodoaldo, Édson, Betão, Arce, Bruno Otávio, Héverton, Carlão e Carlos Alberto num mesmo time. Aílton, Iran, Héverton e Clodoaldo estão certamente entre os piores jogadores da história do clube. Lulinha e Dentinho e outros garotos entraram numa fogueira, mas comportaram-se como bunda-moles de primeira (agora de segunda, no caso). Nos jogos finais, eles tiveram inúmeras chances de marcar gols e se consagrarem com a torcida, não conseguiram.

Nelsinho dirigiu o time em 11 jogos. Conseguiu 2 vitórias, 5 empates e 4 derrotas. Campanha vergonhosa. Foi responsável direto pela apatia, covardia e derrocada nas rodadas finais. Cito três jogos-chave: o Corinthians não poderia ter perdido para o fraquíssimo Náutico; perdeu. O Corinthians, apesar de tudo, tinha time para vencer o ridículo Goiás no confronto direto; empatou. O Corinthians teve a chance de ouro, em casa, contra um desinteressado Vasco; perdeu. É óbvio que todos os pontos perdidos ao longo do campeonato fizeram falta, mas esses citados, nas rodadas finais, foram cruciais.

Mas não tem nada não. Historicamente sabemos que a torcida do Corinthians cresce em momentos de crise. Foi assim durante o jejum de 22 anos sem título paulista. Vamos para a segunda e vamos voltar maiores e mais apaixonados. Vai, Corinthians, não pára de lutar!

Interesse alheio
Só o Corinthians é capaz de mobilizar tantas pessoas em um único dia. Domingo, quem não era corintiano, era anti-corintiano. A alegria alheia e as manifestações foram enormes. O Fantástico fez nada menos que quatro reportagens sobre o tema, quatro. Uma com a equipe do Caco Barcelos; uma com os surdos-mudos; uma geral; e outra com os gols. Nem a seleção, em época de Copa, tem tanto espaço assim no programa de maior audiência da América Latina. O Corinthians foi e ainda é o assunto principal das tevês, rádios e jornais. Afinal, Corinthians é Corinthians.

E no fim, sobrou até para o Luciano Huck
A maior audiência da história da Bandeirantes não foi um jogo do Brasil na época em que eles transmitiam Copa do Mundo. Foi no jogo Vasco X Corinthians, pela final do mundial de 2000. Detalhe, o Ibope só faz medições na grande São Paulo. Portanto, concluímos que o interesse era o Corinthians. A maior audiência da história da Rede TV, pasmem, foi um jogo da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Preciso falar quem estava jogando? Bom, por essas e outras, a Globo já se adiantou para transmitir a série B com exclusividade, especificamente os jogos do Timão. A Globo quer que o Corinthians faça seus jogos fora de casa no sábado à tarde; assim eles poderão transmitir todos. Eu disse todos os jogos fora de casa. E nessa o Caldeirão do Huck vai para o espaço.

Só para inglês ver
Faz tempo que eu estou devendo esse post. Jogando em Wembley, bastava um empate diante da já classificada Croácia para a Inglaterra classificar-se para a Eurocopa 2008. Perderam. Essa tragédia já estava sendo desenhada há muito tempo. Basta recordar que a Inglaterra só classificou-se para as duas últimas Copas na bacia das almas. Numa cultura regida cada vez mais pelo culto às celebridades, a sociedade inglesa engana-se diariamente. Enquanto eles continuarem achando que Beckham é craque e que Rooney joga mais que o Pelé, não vai dar certo. O futebol inglês é tecnicamente pobre, dá para contar nos dedos de uma mão os jogadores realmente muito acima da média. E a conta vale para toda a história, desde que eles inventaram o futebol. No geral, a fama dos jogadores ingleses de hoje é muito superior ao talento. Em meio a tudo isso, o meia-atacante francês Florent Malouda, do Chelsea, recentemente criticou duramente o futebol inglês, que chamou de "descerebrado". Ele também se mostrou surpreso com as dietas dos jogadores do país, "que têm liberdade para comer tudo o que desejam". O jogador francês afirmou que as sessões de treino na Inglaterra são "aterrorizantes". "Os treinos têm a máxima intensidade, e é preciso dar o máximo. Durante as partidas, é como se os cérebros dos jogadores se apagassem. As pessoas jogam por instinto, como faziam quando descobriram o futebol", disse Malouda. Assino embaixo, o verdadeiro futebol inglês resume-se à força física e chuveirinhos. Se não fosse pelos jogadores estrangeiros, o campeonato inglês seria tão empolgante quanto o campeonato da Austrália, ex-colônia que joga exatamente como a matriz.