Corneta Esportiva

Diego Corneta

Jogando como time grande, o Santos sufocou o São Caetano, devolveu o placar de 2X0 e levou o título paulista de 2007. Fábio Costa não fez uma defesa sequer, já o Santos fez dois gols e criou muitas outras chances. O alvinegro praiano passou sobre o São Caetano como um rolo compressor, pressionando desde o início do jogo. Pedrinho (ex-Podrinho) foi o destaque do primeiro tempo e Kléber foi o destaque do jogo.

Teremos que engoli-lo
Vanderlei Luxemburgo chega ao sétimo título paulista. Seu valor e talento como técnico é inquestionável, tal como seu valor e talento para picaretagens. Depois de dispensar Rodrigo Tiuí e Pedro por se recusarem a trocar de procurador, Luxemburgo volta a conquistar um título. Ontem, no intervalo do jogo, sua bronca no rival Dorival Junior foi de uma arrogância imensa. Bem ao estilo “só eu posso reclamar com o juiz, você não”. Se o Santos conquistar a Libertadores, vai ser difícil segurar o ego do Vanderlei.

Time pequeno
O misterioso, abstrato e inegável “peso da camisa” fez a diferença. O São Caetano temeu a força do Santos e jogou como time pequeno. Renunciaram toda a audácia e coragem da goleada contra o São Paulo e da vitória contra o Santos no primeiro jogo. Permitam-me um trocadilho tosco, o Azulão amarelou. Entrou em campo para empatar e foi derrotado.

Melhor time do Brasil?
Para os cariocas da SporTV não restavam dúvidas, o Botafogo era o melhor time do Brasil. Pelo menos até ontem. O time que “mais joga bonito” não passou de um empate diante do rival Flamengo e perdeu o título carioca nos pênaltis. O jovem e destemperado Bruno pegou duas cobranças e salvou a pele dos urubus da Gávea. Depois da surra levada no Uruguai (3x0 para o Defensor), se o “projeto Libertadores” já virou utopia; pelo menos os flamenguistas comemoram o título estadual.

Outros campeões
Em Minas deu Atlético-MG. No Paraná, deu Paranavaí, pela primeira vez na história. Grêmio levou mais uma no Rio Grande do Sul. O Atlético de Goianiense levou a melhor sobre o Goiás. Chapecoense bateu o Criciúma e é campeão catarinense. Remo é campeão paraense. Na Bahia, deu Vitória, do artilheiro Índio (26 gols!) no torneio.

Triste desfecho
Eu estava lá na Praça da Sé. Vi o começo do tumulto durante o show dos Racionais. Correria, tiros de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e borrachadas, muitas. Andamos até o metrô São Bento, pois tentar ir pelo metrô da Sé seria idiotice suicida. Escapamos ilesos. Foi horrível, cenas de batalha e guerrilha urbana. A Praça da sé Virou uma praça de guerra.

Os fatores da batalha são tantos e tão complexos que me resta culpar o “sistema”. O mesmo “sistema” que é duramente criticado pelas letras dos Racionais. Junte aí: muito álcool e outras drogas no sangue, impaciência pela demora do início do show, polícia despreparada e extremamente agressiva, público de origem trágica, ignorante e violenta. Junte toda essa química, pronto, tumulto e confronto. Não dá para precisar a origem do tumulto, mas dá para apontar o óbvio: o trágico contexto social foi responsável, ou seja, o sistema.

Fiquei muito triste com o ocorrido. Tinha tudo para ser um momento histórico, show gratuito dos Racionais em plena Praça da Sé não é pouca coisa. A maioria absoluta do público estava lá para ver o show, mas também tinha uma parte que foi lá para tumultuar e arrumar confusão. Show deles é sempre tenso. A polícia estava com os nervos à flor da pele e uma faísca foi o suficiente para incendiar tudo. O comportamento do Mano Brown foi exemplar, tentando controlar a multidão o tempo todo. Já o comportamento dos PMs foi excessivo, atacam em bando e geralmente contra pessoas já rendidas. Batem a esmo e mostram todo o nervosismo e despreparo já costumeiro. Tentam “controlar” a situação sempre com violência maior que a necessária. Os verdadeiros vândalos geralmente passam ilesos nestas situações.