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segunda-feira, janeiro 29, 2007

Juventus da Mooca 

Diego Corneta

Nenhum time é mais paulistano como o Juventus. Corinthians, São Paulo e Palmeiras cresceram demais e expandiram suas torcidas para além dos limites da cidade. A Portuguesa é restrita a uma colônia e seus descendentes. O Juventus nem isso; restringe-se a apenas um bairro. O Juventus é a Mooca. A Mooca é o Juventus. Impossível dividir os dois, ambos são simplesmente indissociáveis. A Mooca, como se sabe, é o bairro paulistano que abrigou boa parte dos imigrantes italianos que aqui vieram trabalhar, na alvorada do século passado. O bairro era repleto de fábricas, galpões e armazéns. Era um típico bairro operário.

Colonos italianos, funcionários do Cotonifício Rodolfo Crespi, em 1924, decidiram fundar um clube de futebol lá na Mooca, o Extra São Paulo. Em 1925, o clube passa a se chamar Cotonifício Rodolfo Crespi Futebol Clube. "Os grandes patronos do Clube eram Rodolfo e o seu filho Adriano Crespi, italianos da cidade do Busto Arsizio, próximo a Piemonte. Rodolfo era simpatizante da Juventus, de Turin, enquanto o seu filho Adriano gostava da Fiorentina, de Firenzi. O nome Cotonifício Rodolfo Crespi futebol Clube desapareceria. Em 1930 resolveram batizá-lo de Clube Atlético Juventus, numa homenagem a Juventus de Turin, mas utilizando a cor lilás, da camisa da Fiorentina, de Firenze. Com o tempo aquela cor arroxeada foi passando para o grená (vinho) utilizada até os dias de hoje", diz o site oficial.

O Juventus já viveu dias melhores, quando recebeu inclusive o simpático apelido de “Moleque Travesso”. Era o time pequeno que aprontava com os grandes. O estádio Conde Rodolfo Crespi, mais conhecido como Rua Javari, fica ali, no coração da Mooca. É um estádio bem acanhado, não cabem 2.000 pessoas, chutando bem alto. Sábado passado, eu fui lá com uns amigos para ver Juventus X América. Tinham pouco mais de 1.300 pessoas e o estádio estava quase lotado.

É nóis na Mooca! Da esq. para a dir., Pai do Raphael, Anselmo, Eu, Raphael e Dieguinho.

Apesar de pequena, a Rua Javari é acolhedora e agradável. As arquibancadas ficam absurdamente perto do gramado. Tão perto como nos estádio ingleses, mas com a grade de proteção. Se alguém enfiar o braço pela grade, dá para dar um tapa na cabeça do jogador que vai cobrar escanteio, sem brincadeira. O estádio, assim como o time, também já viveu dias melhores. Foi o palco do gol mais espetacular da carreira do Pelé, quando o craque aplicou cinco chapéus, sem deixar a bola cair no chão, e fez o gol. As imagens desse gol foram perdidas num incêndio na TV Tupi. O grau de dificuldade do lance, o autor e o incêndio tornaram o gol numa lenda. Apesar das modestas acomodações da Rua Javari, muita gente com mais de 60 anos jura que viu aquele gol ao vivo. Ali na Mooca então, todos os velhinhos devem ter visto. Enfim, o gol foi reconstituído em computador para figurar no filme “Pelé Eterno”. Ficou aparentemente mais lento e artificial, como os jogos Winning Eleven ou Fifa Soccer.

Bom, voltando ao jogo. Foi horroroso! Na quarta eu tinha ido ao Pacaembu ver Corinthians 4X1 Juventus e no sábado fui à Rua Javari. Nos dois jogos o Juventus não jogou nada, é um sério candidato ao rebaixamento. O técnico é o Edu Marangon, aquele meia que passou por Guarani, Palmeiras, Corinthians e muitos outros times. Não há nenhum jogador conhecido e também nenhum que se destaque positivamente. O time pouco cria, carece de qualidade técnica; faz constantemente a tal “ligação direta” (o velho “chutão” mudou de nome) e vai à base da teimosia. Para complicar, os atacantes são péssimos. As poucas chances que o time criou (foram duas ou três, no máximo), os atacantes trataram de desperdiçar vergonhosamente.

O resultado não poderia ter sido outro, 1X0 para o América, que tem o Márcio Bittencourt no banco e o Doriva no meio de campo. Márcio finalmente encontrou um time à altura da sua experiência e capacidade; já o Doriva caminha para encerrar sua carreira no time da sua cidade natal, Rio Preto. Na saída do estádio, ao ver os carros do presidente e dos diretores do clube nas vagas privativas, dá para se ter uma noção de como andam as coisas lá no Juventus. Enquanto o estádio cai aos pedaços, com banheiros, acomodações e “lanchonete” – se assim devemos chamar – em péssimas condições; enquanto o time afunda-se em suas limitações e falta de planejamento; o presidente e a diretoria estacionam seus carros importados (todos eles!) em vaga privativa, na sombra. Pobre Juventus, pobre Mooca.

Pequim à vista!
A seleção brasileira derrotou a Colômbia por 2X0 e conquistou o título do Sul-Americano sub-20. Melhor que o título, foi a classificação para as Olimpíadas de Pequim, em 2008. Nunca é demais lembrar que a geração anterior fracassou, com Robinho, Diego, Carlos Alberto, Dagoberto e outros. A campanha atual não foi brilhante. O time não encantou, mas também não perdeu, apenas empatou algumas vezes. Os destaques positivos foram os excelentes Lucas e Alexandre Pato, que tomaram conta da seleção e se mostraram futuros grandes jogadores. Leandro Lima (meia do S. Caetano), Tchô (volante do Atlético-MG), Fagner (lateral direito do Corinthians) e Cássio (goleiro do Grêmio) também foram muito bem, com boas apresentações. Já Edgar (ex-Avaí e ex-São Paulo) e Willian (meia do Corinthians) ficaram devendo muito. Edgar revelou-se um excelente perdedor de gols, da estirpe de Bobô e Rafael Moura; ele perdeu gols incríveis e só marcou um no torneio, lembrando sempre que ele é centroavante. Já Willian, joga com a 10 nas costas e carrega toda a firula e marra do mundo, muito acima do que a idade lhe permite; prende demais a bola e cria muito pouco, lembra um Carlos Alberto em seus piores dias.

Copinha
O bom time do Cruzeiro venceu nos pênaltis o bom time do São Paulo. Foi o primeiro título dos mineiros na Copa São Paulo de Futebol Junior. Nessa edição não tivemos nenhum grande craque destruindo, como o Dener fez em 1991, mas vimos alguns garotos com excelente nível técnico e que em breve deverão aparecer nos times principais.

Unstoppable
Roger Federer ganhou o Aberto da Austrália. Na final, ele derrotou o chileno Fernando Gonzáles por 3X0. Foi campeão sem perder um set sequer. Isso não acontecia em torneios de Grand Slam desde 1980, quando o Borg venceu Roland Garros sem perdeu sets. Já no Aberto da Austrália, isso não acontecia desde 1972. Federer chega ao seu décimo título de Grand Slam; está 1 atrás de Borg e 4 atrás de Sampras. Tudo indica que ele vai se tornar, em breve, o maior vencedor de Grand Slams de todos os tempos e também um dos maiores (o maior?) tenistas da história. Federer vem pulverizando recordes e adversários há alguns anos e tudo indica que essa tendência vai continuar por um tempo. No jogo de ontem, Gonzáles sacava com 5X4 para fechar o primeiro set. Todos pensavam que Federer finalmente perderia um set. Mas é justamente nesses momentos que aparece o melhor tênis do suíço. Quebrou o serviço do chileno, empatou o jogo em 5X5 e fechou o set no tie break por 7X6. Foram games antológicos. Depois, Federer fechou os outros dois sets em 6X4 e fez uma final sem dar chances ao adversário, que também jogava muito. Estamos tendo a honra e o prazer de vivenciar a carreira do Pelé do tênis. O cara é imbatível, ou nas palavras de Gonzáles, “unstoppable”. “Imparável”, na tradução ao pé da letra. Comecei a me interessar pelo esporte vendo o Guga, passei a gostar muito vendo o Federer.

A rodada
Corinthians perdeu, Palmeiras empatou, Santos e São Paulo ganharam. Os quatro grandes têm tudo para serem os quatro primeiros. Isso se eles não se enrolarem e se o Noroeste não complicar. Veremos.

5 Comentários:

Mas vende breja no estádio...

By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, 29 janeiro, 2007  

O Rafael Silva, atacante do Juventus, não é de todo ruim. O número 18, que entrou no segundo tempo, ganhou todas as bolas pela ponta direita. Convenhamos que o Juventus ficou bem perto de empatar e que o América não criou nada pra efetivamente merecer o resultado. Culpa do Thiago (Bonas), aquele maldito pé frio.

Unstoppable ou imparável. Essas tentativas de expressão vêm do espanhol "imparable". Ao contrário das expressões em português e inglês, essa palavra em espanhol existe. Certamente não vai ser a primeira vez que você vai ver um cara de habla hispana mandar uma cagada dessas.

P.s.: parou de vender breja na Javari. Ordens da Federação.

By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, 29 janeiro, 2007  

Pois é Cláudio, o tal 18 (Sérgio Lobo) foi bem mesmo, mas é muito pouco para um time que vai lutar para não cair.
Abraço,
Diego.

By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 30 janeiro, 2007  

Pessoal, graças ao Raphael, conheci melhor a história do Juventus.

Fui informado errado e o texto já está corrigido, para saber mais,
acessem http://www.juventus.com.br/oclube/index.htm

By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 30 janeiro, 2007  

O jogo foi sofrível, mas o empate seria o resultado mais justo.

By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 30 janeiro, 2007  

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