quinta-feira, junho 01, 2006
Santo
No momento estou lendo o excepcional Paixão de João Antônio, livro do meu amigo Mylton Severiano. É uma biografia romanceada do escritor paulistano João Antônio. O maior escritor já nascido na Paulicéia e ponto final.Traduzido em alemão, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, polonês, romeno, russo e tcheco. Cultuado mundo afora, (quase) desconhecido em seu próprio país. E viva o Brasil... sil... sil !!!
O que importa é que em uma das cartas que constam no livro. João Antônio, amante do futebol, escreve sobre Garrincha. Compartilho com vocês, é muito foda.
"... nosso Aleijadinho dos campos de futebol, São Mané Garrincha, o Generoso, a Alegria da Gente, aquele que, passando por débil mental, entendeu, sem retóricas e sem palavras vãs, a nossa carência gigantesca de alegria coletiva. Santo, puro santo: o Brasil em pessoa. Ele se doava todo. Pelé, a gente admira; Garrincha, a gente ama.
Não é necessário discussão sobre pessoas diferentes. Pelé, um apolíneo; Garrincha, um dionisíaco, um rapaz de Pau Grande, pouco se lhe dava a glória ou o que fosse. Ele queria ver aquele povo desdentado e parecido com ele rir, gozar, explodir com a revolução geométrica que fazia nos campos de futebol. Santo.
Ninguém pode segurar o vento. Isso se aplica a Garrincha. Também aí dava um drible mais que perfeito. E ninguém foi mais generoso com a bola nos pés. Jogava para os outros. Para os companheiros de equipe e, em principal, para a alegria das galeras dos estádios de futebol. Daí: Garrincha, a Alegria do Povo. Garrincha explicaria uma finta? Dá-la sim; explicá-la, impossível."
Como o nosso assunto é o Anjo Torto, vai mais uma. Um poema de Otoniel Santos.
Garrincha, o poema
Garrincha anda em círculos,
a distância mais curta entre duas pontas.
Garrincha escreve, desenha, pinta e borda
com linhas de Picasso, tintas de Miró.
Como se o retângulo de grama fosse tela.
Mesmo num campo minado de adversários, a horda
de cores opostas parece um homem só.
Garrincha
rabisca com os pés frases tortas,
garranchos.
Ninguém entende a letra de criança,
os traços abstratos.
Nas chuteiras de Garrincha a bola pasta
enquanto finta a lógica e a geometria.
Cálculos matemáticos não o detém.
Ele descarta Euclides e Descartes
apenas com um lance de poesia.
Calígrafo louco, a escrita é uma loucura.
Garrincha mente à esquerda e à direita.
São ilusões, não jogadas. Nem o acaso
abolirá o azar do jogador
de joelhos diante de Garrincha.
Garrincha passa o tempo.
Ajoelhado,
o condenado ao drible pensa em Deus.
Tarde demais.
Garrincha atira e o gol é uma pintura.
Sem mais palavras. Gols de placa, gols das letras.
Líder
E o São Paulo fez o placar mínimo num Fluminense desfalcado. Suficiente para alcançar a ponta de cima da tabela, contou com tropeços alheios, é verdade.
Doído, penoso, quase tortura
Assim foi o jogo Flamengo X Palmeiras num Maracanã quase vazio. Os dois times não queriam jogar para ganhar, simplesmente jogavam para não perder. É uma postura completamente diferente. Pior para eles, muito pior para nós. Se os péssimos times sofrem em campo, os expectadores sofrem fora dele. Foi um jogo horrível, ainda pior que Santos X Corinthians. E no fim, a retranca ignara de Tite permitiu a virada rubro-negra, 2X1 para o Flamengo. Socorro!
Gaúcho...
...digo, Mineiro! Sim, o gaúcho Carlos Luciano da Silva, o Mineiro, foi chamado pelo Pé-de-uva para substituir o lesionado (seria lesado?) Edmilson. Azar de Edmilson, sorte nossa. Mineiro marca melhor, passa melhor, corre o campo inteiro e ainda dá sorte e faz alguns gols. Em suma, Mineiro é hoje mais jogador que Edmilson.
1 Comentários:
Na minha opinião, Garrincha só pode ser comparado ao Pelé. O resto é o resto.
Que resto? Maradona, Beckenbauer, Zidane, Romario, Ronaldo e todos os outros craques do futebol que já ganharam alguma coisa.
Quem não ganhou, passa amanhã. Ai inclusos Zico, Platini, Croyff e toda essa trupe da inveja.
Não inclui o R. Gaucho pq. prefiro esperar o final da Copa para saber onde ele deve ser incluído.
Quanto ao brasileiro, só depois da Copa.
By quinta-feira, 01 junho, 2006
, at 1 Cornetadas