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terça-feira, abril 25, 2006

Telê 

Diego Corneta

Barcelona, 05 de julho de 1982, Copa do Mundo, Itália 3X2 Brasil. Todo mundo que conhece e gosta de futebol já ouviu falar nesse jogo, naquela seleção, em Telê Santana, e no futebol-arte. Porém, o que poucos sabem é que o técnico Telê, mesmo perdendo o jogo, foi aplaudido de pé pelos jornalistas do mundo inteiro. Os longos minutos que duraram os aplausos foram o reconhecimento ao homem que ousou montar uma equipe que jogasse um futebol muito ofensivo e extremamente criativo.

Melhor do que falar de Telê, é deixar que suas próprias palavras falem por ele. Com algumas pérolas de sabedoria, dá para ter uma vaga idéia da grandeza do homem:

“Futebol é arte, é diversão, sem chutão pra frente.”

“Se for para mandar meu time matar a jogada, dar pontapé no adversário ou ganhar com gol roubado, prefiro perder o jogo.”

“Se jogador do meu time faz falta por trás, ou entra para quebrar o adversário,
o juiz nem precisa expulsar. Eu mesmo tiro de campo.”

“Se for para apelar para a força, ponho estivadores em campo.”

“Competir, competir. Os meninos das escolinhas têm de ganhar a qualquer
custo e já começam a dar pancada. Não desenvolvem o lado criativo.”

“Não escalo alguém porque gosto mais deste ou daquele. Se fosse assim,
escalaria meu filho, que é de quem eu mais gosto.”

“Gosto de treinar à antiga, com muita bola e coletivo, que é o que o jogador gosta.”

“Há quem me chame de romântico, mas sei que estou colaborando com o futebol. E isso me dá satisfação.”

“É uma grande felicidade ver um jogador evoluindo, perceber que alguém melhorou depois de suas orientações.”

“Sou contra o mau-caráter, craque ou não.”

“Dirigentes me irritam, porque são atrasados. Na maioria, querem tirar proveito
próprio ou então são incompetentes mesmo.”

“Eu gosto de futebol. Se tiver uma pelada na rua, eu paro para ver.”

Telê Santana pensava e representava tudo o que eu prezo no futebol. Criatividade, liberdade e honestidade. O São Paulo de 1992/93 era um time de encher os olhos, agradava qualquer um, independente de ser torcedor de outro time. Lembro-me duas passagens.

Uma, pouco antes de disputar a final do mundial contra o Barcelona, em 1992, as duas equipes se encontraram em uma final de um torneio internacional (não me recordo se foi Ramón de Carranza, Teresa Herrera, ou outro). O técnico Johan Cruyff falou muito, disse que o Barcelona iria detonar o São Paulo, coisa e tal. Telê, como sempre, falou pouco. Mineiro, matreiro, falava apenas o necessário. O São Paulo fez 4X0 e humilhou o Barcelona em seu próprio país. Jogou muito mesmo. Lembro-me de ter assistido esse jogo em casa, num dia de semana à tarde. Confesso que vibrei com a atuação do São Paulo. Foi um massacre imposto pelos comandados de Telê Santana.

Outra passagem foi nas quartas-de-final do Brasileiro de 1994. O São Paulo foi eliminado pelo Guarani. O ótimo time bugrino era comandado por Carlos Alberto Silva e contava com Luizão, Amoroso, Sandoval e outros bons jogadores. No primeiro jogo, o São Paulo ganhou por 1X0. Na volta, o Guarani jogou muito e fez 4X2. Lembro-me que Telê Santana disse que não se importava em perder daquela maneira, pois o Guarani tinha sido tudo o que ele queria que o São Paulo fosse.

Um mestre e um cavalheiro. Nas vitórias e, sobretudo, nas derrotas.


Carreira e títulos. Clique na imagem para ampliá-la.

2 Comentários:

Telê era gênio. Pena que nunca treinou o Corinthians (provavelmente pq sabia que o comando do clube jamais esteve nas mãos de gente séria). Mas eu ainda acho que vc quis dizer cavalHeiro, não cavaleiro na última frase, Dieguito. hehehe

By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 02 maio, 2006  

Erro devidamente corrigido.
Não serve de desculpa, mas na pressa, passa.

By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 02 maio, 2006  

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2 Cornetadas

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