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segunda-feira, dezembro 05, 2005

O melhor do ano 

Diego Corneta

Cabelos desgrenhados, jeans surrado, um par de tênis velhos, camiseta e a indefectível camisa de flanela xadrez. Sim, Eddie Vedder estava vestido a rigor, como um adolescente grunge desleixado. E... "Go"! Abriram o fim de noite com uma das músicas mais explosivas do set. O público delirou.

40 mil pessoas para ver uma única banda. Um único objetivo. Parece até frase pronta de trailer de filme. Mas foi épico. A propósito, o Mudhoney abriu muito bem com um show de 40 minutos. Vigoroso, pesado e competente. Voltando ao Pearl Jam; logo na terceira música, "Animal", todo mundo, repito, todo mundo mesmo, já estava totalmente envolto e embevecido. Mais delírio.

E o cara é gente boa. Durante o caldeirão de hits que eles despejavam sobre o público sedento, Eddie Vedder lia num caderno frases em português. Isso mesmo em português! Tudo bem que parecia o Papa João Paulo II falando, mas foi simpático. "Cuidie do prrróximou. Ê..ssa noitie esstá maR avilousa". Nem chuva, nem sede, nem frio; nada parecia tirar o ânimo da platéia. Cantaram (cantamos) todas as músicas juntos, em coro. Destaque para as belíssimas "Given to Fly", "Better Man" e "Black". Destaque também para as poderosas "Once", "Do the evolution" e "Alive".

Quer saber? Destaque para o show inteiro! Até mesmo a cover "I Believe in Miracles" e a pouco conhecida "Don't gimme no lip" (cantada pelo guitarrista Stone Gossard) foram ótimas. Aliás, todos da banda são ótimos. Há momentos gloriosos com três guitarras (Eddie também toca), baixo marcante e bateria imprevisível. Vedder ainda pediu desculpas pelo atraso de 15 anos e prometeu voltar em breve. Na última música, eles prolongaram o solo e insistiam em não terminá-la. Parece que estavam pedindo desculpas por acabarem o show. Sob o solo de "Yellow Ledbetter", Eddie cantarolava "obrigadou São Paolou..."

E em pouco mais de duas horas o tempo e o espaço pararam para ver e escutar o Pearl Jam. Nesse ano, eu fui a vários shows. Pearl Jam foi o melhor, os caras estão em excelente forma. Eddie Vedder, com sua simpatia e seu vozeirão arrastado, botou todo mundo no bolso. A maior homenagem que o público de São Paulo poderia receber veio quase no final do show. "It's better than Seatle. Really, it's better than Seatle", falou Eddie Veder. E os Strokes ainda vão ter que comer muito feijão.

Set list do show de sexta
Go, Hail Hail, Animal, Green Disease, Corduroy, Given To Fly, Even Flow, Faithfull, MFC, Porch, I Got Shit, Once, Glorified G, Do The Evolution, Better Man, Alive, Man Of The Hour, I Believe In Miracles, Last Kiss, Don’t Gimme No Lip, Rearviewmirror, Save You, Black, Jeremy, Yellow Ledbetter.

O melhor do ano
Chocho, chocho. E o campeonato acabou. Os dois times que lutavam pelo título perderam. E agora vai ser uma "batalha jurídica" para o Corinthians ficar com o título. Não estou com a menor paciência para acompanhar isso. Se o Timão tivesse surrado o Goiás, como deveria ter feito, não ia sobrar espaço para essas manobras de advogados, "guerra de liminares" e afins.

Se o Timão tivesse surrado o Inter, como deveria ter feito, tudo seria mais fácil. Se tivesse surrado o São Caetano, também seria mais fácil. Se não tivesse vacilado e empatado em casa com Juventude, Atlético MG, Botafogo, Goiás; seria mais fácil. Poderia ter sido mais fácil e mais bonito. Se, se, se... Palavras, palavras, palavras... já dizia um príncipe dinamarquês atormentado pelo fantasma do pai.

Em meio a esse festival de "ses", hipóteses e especulações; um jogador se destacou. Carlitos Tévez. Chegou meio desconfiado, e sob forte desconfiança. Argentino, salário altíssimo e invejado, apanhou até dos seus companheiros. Lembram-se que no início do Paulista ele quase não estreou porque estava com inflamação? Era inflamação nas pancadas de travas de chuteira que o perseguiam até nos treinos. Pode não ser culto, é avesso à entrevista, tem um portunhol áspero e claudicante, mas é inteligente. Dentro e fora de campo. Não engole sapo e quando fala, mostra muita esperteza e consciência dos seus atos.

Tévez é sim a cara do Corinthians. Já está e vai ficar na história do clube. É a raça alvinegra personificada. Toda vez em que ele esteve em campo, lutou do começo ao fim. Não fugiu da briga e foi recompensado com o título e mais 20 gols. Se o time não fez um campanha histórica, se a equipe teve falhas incríveis; ele, ao menos, merece o título mais do que qualquer outro. Foi o melhor do ano.

PS: Ainda essa semana sai o resultado do Boleta, o Bolão do Corneta. Aguardem.

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