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segunda-feira, novembro 28, 2005

Restos e (in)conclusões do meu último final de semana 

Diego Corneta

Não, eu não vi o jogo eletrizante entre Náutico X Grêmio. Não vi sequer os lances. Mas é legal que um time de Recife (Santa Cruz) subiu. Já o Grêmio, se dependesse de mim, ficaria mais um tempinho na segundona, mas mereceu subir. Tem outra, um time (Náutico) que perde dois pênaltis no mesmo jogo, merece ficar mais uns 10 anos sem subir. E a Portuguesa morreu mais uma vez na praia. Nada dá certo para a Portuguesa, fez uma ótima campanha, mas falhou nos momentos decisivos.

Fui ao Festival "Claro que é Rock". Cheguei, tomei umas brejas antes e entrei para ver o Nação Zumbi. Não fiz questão de ver os meninos do Good Charlotte, mas pelo que ouvi lá na fila, não perdi nada. Se eu tivesse uns 14 ou 15 anos, certamente iria gostar muito.

Nação Zumbi
O show da banda pernambucana Nação Zumbi foi ótimo, mais uma vez. Ao vivo eles sempre se superam e transbordam energia. Com a carreira já consolidada, eles têm um repertório poderoso. Com muitos sucessos da época do Chico Science e muitas excelentes músicas e sucessos dos discos recentes. Tocaram uma três músicas desconhecidas, do recém-saído disco "Futura", e de resto foi hit atrás de hit. Showzaço.E só para registrar, o Lúcio Maia é um guitarrista de mão cheia, ver (e ouvir, é claro) aquele cara tocando é sempre muito bom.

Fantomas
Alguém entendeu alguma coisa? Que atire a primeira pedra... O show foi estranhíssimo, pareceu uma passagem de som de pouco mais de uma hora. Os estilhaços de músicas eram pontuados com alguns poucos berros incompreensíveis do "vocalista" Mike Patton. Algumas músicas eram bem climáticas, tipo trilha sonora para filme de terror. Outras eram simplesmente uma barulheira infernal. Show para poucos e iniciados. Não entendi e não gostei. Muita loucura, muita pose e pouco acessível ao grande público.

Flaming Lips
A surpresa da noite. Outro showzaço!!! O cara pega o microfone e anuncia que o show vai ser glorioso, que sua vida vai mudar... teve até (boa) tradução simultânea. Depois, um bando de pessoas fantasiadas (!?!) invade o palco! Urso, tigres, cachorros, sol, ET verde!!! Parecia festa infantil no Playcenter! Eram dois grupos fantasiados e ficaram o tempo inteiro pulando e dançando nas laterais do palco. Os próprios integrantes da banda também estavam fantasiados. Na primeira música, o vocalista maluco e supercarismático entra numa bolha de ar! Isso mesmo! E o cara sai rolando na bolha por cima da galera! E o doido ria e nitidamente se divertia junto com o público. Se muita gente não estava familiarizada com as músicas, esse estranhamento inicial se desfez logo na entrada. As músicas são boas e a versão de "Bohemian Rhapsody", do Queen, foi espetacular. Tipo uma opereta, com introdução, evolução, clímax e final redentor. As letras ficavam aparecendo no telão e isso contribuiu muito para o envolvimento do público; todo mundo cantava em coro! Foi ótimo! No grand finale ainda teve uma versão de "War Pigs", Black Sabbath, no melhor estilo psicodelia e protesto. Sobrou até para o auto-intitulado "presidente da guerra", George Bush, e seus comparsas sanguinários. Showzaço mesmo! Vou até procurar CDs para conhecer melhor essa banda.

Iggy Pop
Ele é o cara! Apertado dentro de uma calça pra lá de justa, o maluco já entrou no placo sem camisa e ligado no 220. Pulou e dançou sem parar. Bebeu (e jogou sobre a cabeça) umas 10 garrafas de água, e mostrou para a molecada como é que se faz um autêntico show de Rock. Assim mesmo, com "R" maiúsculo! As músicas são rápidas e pesadas. No auge de seus 58 anos, o cara não deixa a peteca cair em nenhum momento. Os Stooges são um power trio de guitarra, baixo e bateria que fazem um barulho monstruoso. Numa das músicas teve um doido da platéia que subiu no palco. Rapidamente uma meia dúzia de brutamontes engravatados correu para "tirá-lo" de lá. Mais rápido ainda foi a produção do Iggy Pop, que entrou em cena, afastou os seguranças e deixou o cara lá se divertindo. Foram aplaudidíssimos. Outras pessoas da multidão, encorajadas, também subiram no palco. Teve uma hora que tinha uma horda de 15 pessoas da platéia fazendo um carnaval hardcore, a banda tocando e o insano Iggy Pop num nível mais abaixo do palco, bem perto da galera, cantando e pulando. Antológico. Presenciamos um capítulo da história pop no Brasil.

No final, Iggy Pop pediu aos berros para que acendessem a luz da platéia e apagassem as luzes do palco. Ele queria ver o público, numa retribuição generosa e simpática. Xingou a MTV (!?!), xingou "os governos" e xingou os ídolos do rock que "cada dia ficam mais ricos". Falou que seu país é sujo e mandou um recado para a galera: não desanimem que um dia está por baixo, pode ocupar o topo. Não ficou pelado, mas sua bunda foi vista em algumas oportunidades. Mesmo apertadíssima, a calça não resistia aos movimentos quase répteis do Iggy; insistiam em cair. As músicas tocadas foram das antigas, da época do auge dos Stooges (fizeram três discos apenas). Com pontos altos nos hits "Funhouse" (com direito a um solo de sax) e "I wanna be your dog". Um dos melhores shows que eu já vi.

Sonic Youth
Os caras que redesenharam conceitos do "rock artístico"; aproximando-o do público, não precisam se esforçar muito para agradar. Eles têm história; eles têm repertório. Eles têm presença; eles têm atitude. Se nos discos eles soam distorcidos, ao vivo eles elevam a distorçam à enésima potência. Se para alguns isso é genial, muito foda e et cetera, para outros, isso é simplesmente um saco! Há quem discorde e há quem vai me xingar por dizer isso, mas é um fato. Algumas músicas ficaram demasiadamente longas e xaropes. Teve até uma veneração à guitarra, um verdadeiro ode às guitarras, um misto de declaração de amor e ódio. Se conceitualmente soa bonito, na prática é bem maçante ver (e ouvir) os caras fazendo reverências, passando a guitarra no chão, subindo em cima das guitarras (!?!), passando-as no corpo... Fala sério, eu quero é Rock!!!

As músicas cantadas pela ótima Kim Gordon, na minha opinião, são as melhores. Sua voz roufenha é ultra sexy, assim como sua presença empunhando o baixo. Ela canta como se não fizesse esforço nenhum, naturalmente. O conjunto de sua voz, mais as guitarras ultra distorcidas, a bateria insana e a linha de baixo marcante; é maravilhoso. Parece que cada instrumento toca uma música diferente, mas essas arestas e facetas se completam para formar uma sinfonia de guitarras. As músicas do Sonic Youth são isso, sinfonias de guitarras. O show foi excelente, mas sinceramente, achei alguma e outra distorção muito exagerada e arrastada. É iconoclasta, é visceral, mas é um saco!

Nine Inch Nails
Não conheço nada dessa banda. Mas pelo que andei lendo, é uma banda de um homem só, o Trent Reznor. A banda já mudou de formação várias vezes, e único restante é o vocalista, líder, sex symbol e guru Trent Reznor. O show conta com uma super produção, muitas luzes no palco e telões. O tal do "rock industrial" nada mais é que um Kraftwerk com guitarras e acelerado. Pesado, marcante e furioso. Gostei muito. O impacto visual que o palco causa é bem louco! E as músicas são legais, é bom escutar uma pauleira de vez em quando. Ainda mais num dia frio, com chão lamacento e público interessado. Casa bem com a idéia de Festival.

Das falhas
Cerveja extremamente cara; R$ 4,00 por uma Bavária é um insulto! Filas para pegar bebidas quilométricas. Vodka absurdamente cara; R$12,00 por uma dose é outro insulto. Organização lusitana. Vejam só, apesar do local ter vários bares espalhados; a ficha só tinha validade no bar que você a comprou! Isso mesmo, ainda que tivessem dois palcos e que o público ficasse circulando, as fichas só valiam no local de origem. Quem será que foi o gênio que pensou nisso?

P.S., Timão eô
Mesmo não fazendo uma boa partida, o Corinthians virou o jogo e ganhou de 3X1 da Ponte Preta. Com direito a pênalti perdido por Tévez e tudo mais. Estamos com as duas mãos na taça e o título é uma mera questão de tempo.

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