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quinta-feira, julho 28, 2005

Pacaembu: Between love and hate 

Diego Corneta

Cena 1: Segunda-feira, 25 de julho. Um sol ameaça sair para esquentar as milhares (sim, são milhares mesmo) de pessoas que se aglomeram na imensa fila que se forma na Praça Charles Miller. O sol fica só na ameaça, pois o frio bate forte e o vento é cortante.

Depois, quando tem quebra-quebra, os idiotas da objetividade vêm com as desculpas na ponta da língua. “O povo brasileiro não tem cultura; o povo brasileiro não tem educação; são uns bárbaros; desconhecem a civilidade, etc.” Não é bem por aí. A maioria absoluta das pessoas estava esperando pacientemente, sem tumulto e sem confusão. Corintianos com apenas um propósito: comprar um mísero ingresso. Muitas vezes, quando o ser humano é tratado como animal, ele instintivamente reage como tal.

A organização – ou a falta dela, melhor dizendo – faz de tudo para complicar. No Pacaembu há pelo menos uns 20 ou 25 guichês, mas estranhamente, só cinco deles estavam abertos. A estupidez dos seguranças é algo de deixar qualquer um muito puto. Afinal, eles estão lá para nos proteger!!! E não para serem grossos, estúpidos e agressivos. Cambistas furavam fila, entrando e saindo várias vezes para comprar ingressos. Vendedores complacentes não se importavam, muito menos os seguranças. Vale a lógica: vender. Não importa para quem, o importante é vender. Alguns idiotas da Gaviões da Fiel, só porque têm uma carteirinha plástica e uma camiseta preta, se acham mais corintianos que os outros. Alguns bandos de gaviões são os primeiros a criarem confusão, procuram tumultuar mesmo.

Enfim, quase três horas de fila depois e muita raiva armazenada, eu consegui finalmente comprar meu ingresso para o jogo da quarta-feira, Corinthians X Cruzeiro. Dois bons times, o jogo estava prometendo.

Cena 2: Quarta-feira, 27 de julho. De noite não tem sol e em São Paulo também não tem estrelas, mas estava muito frio. Sorte que não ventava muito. O Pacaembu estava lotado, todos os 32 mil ingressos foram vendidos e foi o primeiro jogo do campeonato brasileiro com lotação esgotada. Mal o jogo começa e a defesa do Timão já faz uma das suas presepadas. Marinho e Fábio Costa não se entendem e o zagueiro faz contra depois de tentar um recuo para o goleiro. Gol bisonho.

O Corinthians cresce e parte para cima. Mesmo errando muitos passes, o time chega ao empate com um belo gol do Roger. Depois do gol o time tem uma queda. Rosinei continua errando muitos passes, Edson não aparece e segue nulo em campo. Tevez briga, luta e faz as melhores jogadas de ataque, mas seu companheiro Jô não ajuda. Márcio Bittencourt comete uma falha imperdoável, quase capital. Ele deslocou o Gustavo Nery para marcar pessoalmente o perigoso Fred, porém, não pôs ninguém para marcar as subidas do ótimo lateral-direito Maurinho.

Resultado: Maurinho foi, disparado, o melhor em campo no primeiro tempo. Recebeu muitas bolas e criou muitas jogadas. Acertou todos os cruzamentos que tentou. Repito, todos mesmo. Adriano errou um gol de cabeça, livre. Fábio Costa pegou outra cabeçada do mesmo Adriano, de novo livre. Outros jogadores cruzeirenses também erraram cabeceios, inclusive o Fred. O Corinthians criou mais três boas chances. O goleiro Fábio defendeu uma cabeçada à queima-roupa do Gustavo Nery e também operou um milagre num chute do Tevez. Jô, na cara do gol, passou por cima da bola e não soube completar um cruzamento do Rosinei. Mais um gol feito perdido para a galeria pessoal do Jô. O primeiro tempo saiu barato ao Timão.

Mal começa o segundo e a história se repete, gol do Cruzeiro. Fred recebe na entrada da área, todos esperavam que ele fosse matar, virar, prender a bola e procurar uma jogada. Ledo engano. O cara é matador mesmo. Já mata a bola virando o corpo e solta a bomba, que explode na trave, volta e bate em Fábio Costa. Bela jogada do centroavante, que contou com a sorte.


O Corinthians, empurrado por sua torcida, parte para cima de forma desorganizada. Empata num lance de sorte do Rosinei e vira logo a seguir em outro lance de sorte do mesmo Rosinei. Incrível. Se Rosinei erra passes e tecnicamente deixa a desejar, pelo menos ele tem muito mais sorte e presença de área que o Carlos Alberto.

O Cruzeiro empata novamente. Depois de uma falta boba, o zagueiro Moisés sobe livre para cabecear. Tevez, que seguia lutando muito, criava as melhores jogadas de ataque. Com a bola em seus pés, ele quase sempre constrói alguma coisa boa. Depois de uma arrancada espetacular, ele sofreu um pênalti. O mesmo Tevez bateu. Forte e preciso. A bola, antes de entrar, ainda tocou na parte interna do ângulo direito do goleiro. Indefensável. O Timão vira de novo. Um prazer enorme toma de assalto as mais de 30 mil pessoas no estádio. O caso amoroso entre a torcida e o time é algo muito complicado. Um complexo e belo caso de amor e ódio.

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