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quinta-feira, junho 23, 2005

Por que a seleção não deslancha??? 

Diego Corneta

A questão é feita por todos os brasileiros e, quiçá, por todos os estrangeiros que acompanham a nossa seleção. A qualidade dos jogadores é indiscutível, mas o time não vai. Parece travado, empacado, atolado nos seus próprios equívocos. Vou tentar responder a questão proposta no título da maneira mais racional possível, mesmo sabendo que não vou chegar a uma resposta definitiva. No futebol não existe nada definitivo, não é uma ciência exata.

Primeiro ponto: dessa vez o Parreira não tem culpa. Quero dizer, não tem toda a culpa que costumam jogar nas suas costas. O time ideal – pelo menos no meu modo míope de ver – é bem próximo ao que tem entrado em campo. Na véspera da Copa de 70, diziam ser inviável um time com Pelé, Gérson, Tostão e Rivellino. Não foi. Recuaram o Gérson, jogaram o Rivellino na ponta esquerda e deixaram Pelé e Tostão flutuando. O resultado disso todo mundo já conhece, o mais espetacular time de futebol já formado. Tudo bem, os tempos são outros e os jogadores são outros. Concordo. Porém, o dilema é o mesmo, temos quatro grandes jogadores, Kaká, Robinho, Ronaldinho e Ronaldo (o Adriano está quebrando um galho....), todos espetaculares, e eles devem jogar juntos sim. Precisam de treino, paciência e disciplina. O “quadrado” do Parreira é ousado, corajoso e sonhador.

O técnico está certamente pecando ao insistir em Lúcio, Roque Júnior, que erram constantemente e não transmitem confiança ao time, ao goleiro e aos torcedores. Já passou da hora de Juan ser titular ao lado de Luisão, Alex ou até mesmo Edmilson. No mais, o Parreira está fazendo o que deve ser feito, pede insistentemente para o time abrir e jogar pelas laterais, mas não é ouvido. Pede para Ronaldinho ser mais objetivo, mas não é ouvido. E por aí vai...

A tendência dos jogadores “afunilarem” e jogarem pelo meio é compreensível. Quase todos os grandes jogadores – com algumas raras exceções – gostam de atuar mais pelo meio. É ali que eles têm uma visão mais privilegiada dos acontecimentos do ataque; é ali que eles teoricamente teriam mais liberdade de movimentos, uma vez que podem se deslocar para qualquer lado. Essa insistência é irritante, mas com uma boa dose de treinamento, entrosamento e disciplina podemos corrigir isso. Mas por que eles jogam mal?

Eis uma outra questão difícil de responder. Os fatores são múltiplos. Em seus clubes, nenhum deles (com exceção do Kaká) têm a responsabilidade de marcar. Em seus clubes, eles são quase sempre o centro das atenções e seus erros são mais perdoados, assim como seus acertos são mais valorizados. Isso não acontece na seleção. Outro problema, a temporada européia já acabou, eles não estão em plenas condições físicas. Mas isso não serve de desculpa para jogos das eliminatórias em que eles estão a plenos pulmões. Então, o que acontece com nossos craques?

A cobrança por boas atuações da seleção é sempre enorme, e isso pesa sim. Não basta ganhar, o Brasil tem que ganhar, jogar bem e, se possível, dar show. Essa cobrança deixa os jogadores afoitos e até desesperados. A consciência de que qualquer um deles pode decidir a partida em um único lance também atrapalha. Isso gera individualismo e acomodação. Enfim, as causas desse marasmo que assola a seleção são muitas e variadas, físicas, táticas e mentais. Mas eu ainda acredito nessa seleção. Aliás, como já é de praxe, todas as nossa seleções são bombardeadas antes das copas, até mesmo a histórica seleção de 70 saiu daqui sob vaias e sob suspeita. O nosso escrete e nossos craques precisam de tempo. Formar um time marcador e limitado com 11 cabeças de bagre é mais fácil do que formar um time criativo, inventivo e mágico. Sejamos pacientes.

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