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quinta-feira, maio 05, 2005

Enquanto isso, nos bastidores... 

Por Diego Corneta

O futebol que nós tanto gostamos não é só disputado dentro dos campos. Em outras praças também há disputas. Nos tribunais comuns e desportivos , nas federações, nas diretorias dos clubes, nas tevês, na CBF, no congresso...
Enquanto os programas de tevê idiotas insistem em passar milhares de vezes as mesmas notícias, como a crise do Corinthians, a “saída” do Robinho, ou o Marcinho no Palmeiras; ontem em Brasília tivemos o lançamento da loteria Timemania. Hoje eu assisti alguns dos programas do meio-dia e nenhum deles mencionou o fato tão importante para o futebol brasileiro. Nenhum. A pauta do dia foi o desastre da desclassificação corintiana na Copa do Brasil.

O que é a Timemania? Explico. Mais de 90% dos clubes profissionais do país têm alguma dívida com o governo; na sua maioria são dívidas fiscais e/ou trabalhistas. Os times estão falidos e afirmam que não têm dinheiro para pagar, e a União, por outro lado, não quer ficar sem os milhões de reais que tem para receber. Criaram uma loteria chamada Timemania para dar um jeito na pendenga. Os times da série A, B e C cedem seus escudos e seus nomes para o governo fazer uma loteria federal temática.

A estimativa da Caixa Econômica Federal é que a loteria arrecade cerca de R$ 500 milhões por ano. A forma dessa loteria não está definida, mas a divisão do bolo é a seguinte: de tudo que for arrecadado com a Timemania, 46% pagará as premiações, 20% irão para o custeio e manutenção, 5% para projetos sociais do Ministério do Esporte, 3% para o fundo penitenciário nacional, 1% para a seguridade social e 25% para os clubes – sendo 65% para os times da série A, 25% para os da série B e 10% para os cubes da série C.

A Timemania era para ser criada através de um projeto de lei normal, com votações na câmara de deputados e no senado federal. Porém, os clubes estavam temerosos com eventuais mudanças que os deputados poderiam fazer. Para evitar isso, fizeram lobby com presidente Lula e conseguiram que a Timemania fosse oficializada por meio de uma “canetada” do presidente, uma Medida Provisória.

A adesão à Timemania começa hoje e se encerra em três meses. A partir do momento em que aderir, o clube já pode negociar sua dívida com o governo.O prazo para os clubes quitarem suas dívidas com o governo é de cinco anos. Os clubes reclamam e já pedem uma prorrogação do prazo para oito anos. Os times que não estiverem em dia com as parcelas de suas dividas, não receberão as suas demais cotas do bolo da Timemania, e poderão ficar fora de campeonatos. É uma medida engenhosa, porém há um risco. A lei – sem as alterações dos deputados – não prevê punições legais para presidentes e diretores do clube que, eventualmente, se apoderarem do dinheiro de uma forma inapropriada. Ou, trocando em miúdos, se os caras roubarem, não acontece nada com eles, somente com os clubes. Sabemos da desastrosa experiência que temos envolvendo cartolas, diretores e dinheiro. A possibilidade de corruptos pegarem a grana é real. E, mais uma vez, parece que a impunidade vai se perpetuar.

Em tempo:
A CPI do Futebol há alguns anos atrás provou por A + B que a administração da CBF, Vasco e Flamengo tinham diversas irregularidades. Evasão de divisas para paraísos fiscais, corrupção ativa e passiva, malabarismos contábeis para enganar o fisco, tráfico de influência, etc, etc, etc. Quem foi preso? Ninguém. Ricardo Teixeira segue na CBF, Eurico perdeu seu mandato de deputado, mas segue no Vasco. E Márcio Braga perdeu a cadeira de presidente, mas segue no Flamengo
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