<$BlogRSDURL$>

segunda-feira, maio 02, 2005

Ditaduras no esporte 

Por Diego Corneta

Gerasime Bosikis, o Grego, foi reeleito para seu terceiro mandato frente à Confederação Brasileira de Basquete. No poder desde 1997, Grego vai dar as cartas até 2009. Não sou muito de assistir aos infrutíferos e tediosos programas esportivo dominicais, mas ontem, enquanto eu jantava, parei para ver o Terceiro Tempo e acompanhei o sincero desabafo/protesto do Oscar, o maior jogador de basquete da nossa história.

Oscar está de parabéns. São poucos os homens que tem coragem de se manifestarem publicamente contra seus superiores. Oscar busca melhorias concretas para o basquete nacional e usa toda a sua estatura e “envergadura moral” (só para usar uma expressão da moda) para conseguir seus objetivos. A sua ida ao programa de ontem e seu pronunciamento vão ficar na sua e na nossa história.

Vamos aos fatos. Na época das olimpíadas do ano passado, eu publiquei aqui neste espaço textos que mencionavam as ditaduras no esporte brasileiro. Citei o caso da família Mamede, que domina o judô, citei o caso do Nelson Nastás, que dominava o tênis; o Ricardo Teixeira e sua patota que há mais de 20 anos controlam o futebol; citei o próprio Grego, no basquete; só não citei mais por falta de informação. Fiz a lição de casa como jornalista, fui atrás dos fatos. A verdade é que das 27 modalidades que fazem parte dos Jogos Olímpicos, apenas duas trocaram sua direção depois das Olimpíadas. Badminton, onde o presidente abriu mão da reeleição, e tênis, depois do providencial boicote e pressão dos principais jogadores do país. Os outros 25 esportes seguem sob direção ditatorial. Democracia parece ser um sonho distante no esporte brasileiro.

Falando em boicote, um dos principais nomes do basquete nacional, Nenê Hilário, afirmou que enquanto o Grego for o presidente da CBB, ele não joga na seleção. Foi uma voz solitária que infelizmente não foi seguida. Faltam aos nossos jogadores a coragem e a visão política necessária para tomarem decisões com esta. Se outros grandes jogadores (como Leandrinho, Varejão, Marcelinho, e outros) seguissem o gesto do Nenê, talvez Grego não fosse reeleito. Mas culpa não é apenas dos jogadores, a culpa principal é dos dirigentes que elegeram o Grego. A sede de poder dos homens é talvez a sua maior ruína. Com bem disse Oscar, federações de estados como Roraima, Acre, Rondônia, Amapá e outros, votariam e votaram na continuidade do Grego. Como será que anda o basquete nestes estados? Ou melhor, existe basquete por lá? Trocam votos por favores pessoais e poder.

Um dos opositores, o representante da federação de Alagoas, Juarez Marsson, solicitou à mesa diretora permissão para questionar o presidente Grego a respeito das suspeitas de compra de votos com pagamento de passagens e hotel para os presidentes das federações, assim como favorecimento de seus partidários na escolha dos chefes de delegação para as viagens das seleções brasileiras. Não foi ouvido, seu pedido foi em vão. Por que será? Já dizia minha avó, quem não deve, não teme.

Depois que o Grego assumiu, em 1997, o basquete masculino ficou fora das duas últimas olimpíadas, foi um fisco nos mundiais e viu seu nome enfraquecer no cenário mundial. Hoje vemos Argentina e Venezuela a nossa frente, algo absurdo para um país com o tamanho do Brasil e com o número de praticantes de basquete. Não devemos nos esquecer que é o segundo esporte mais popular do país. Oscar disse que a CBB não tem departamento de seleções de base! Prova disso é que a seleção brasileira não se classificou para os mundiais sub-20 e sub-16. Oscar organiza com os clubes uma liga nacional independente para o ano que vem, à margem das garras da CBB. Somente com atitudes radicais como esta, rompendo totalmente com as ditaduras e com a corrupção ativa e passiva, é que se tem uma alternativa para o basquete nacional. É uma pena.

0 Comentários:

Post a Comment

0 Cornetadas

This page is powered by Blogger. Isn't yours?