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quinta-feira, agosto 19, 2004

O bundalelê do COB. E do governo também 

O nível do esporte olímpico brasileiro é baixíssimo. Ponto. O retrospecto em mundiais e Olimpíadas prova isso. É uma pena, pois o Brasil teria todas as condições de se tornar uma potência esportiva. Talvez, somente os EUA façam frente ao Brasil em diversidade de biótipos. Graças à nossa miscigenação, nós temos potencial humano e físico para todos os esportes. A China e a Rússia, por exemplo, não têm essa diversidade. Outro fator que contribui é o clima que favorece as práticas esportivas durante praticamente o ano todo. Ou seja, por falta de estrutura e de seriedade do governo, somos medíocres nos esportes olímpicos.

Cuba tem menos habitantes que a cidade do Rio de Janeiro. É uma potência esportiva. Sabemos que a ilha do ditador Fidel já viveu dias melhores, ainda assim sempre supera o Brasil em Pan-Americanos e Olimpíadas. Poderia citar Alemanha, França, Itália... é covardia, pois são países ricos e organizados. A extinta Alemanha Oriental também não era rica, mas sempre priorizou os esportes, e sempre se dava bem nos quadros de medalhas.

É uma questão de educação, organização e prioridades. Os esportes deveriam ser iniciados logo nos primeiros anos escolares das crianças, e não separadamente, como ocorre no país. Uma criança que quiser praticar tênis, natação ou atletismo, tem que procurar clubes ou escolas particulares. Os responsáveis pelas escolas e educação pública no país mal cuidam dos currículos, da merenda, dos materiais, do uniforme... O que diríamos então dos esportes, da educação física ? É uma lástima só, uma verdadeira tragédia.

O COB bradou aos quatro ventos que estava no rumo de um “aumento qualitativo” no esporte nacional. Sim, foram estas as palavras do Arthur Nuzman, presidente da entidade. Mas o que vemos é o contrário, aumento apenas quantitativo. Maiores delegações e menos medalhas. Na última Olimpíada, em Sidney, o Brasil não conquistou nenhuma medalha de ouro, nenhuma. Não podemos nos enganar com os Pan-Americanos, pois os únicos adversários são Cuba, Canadá e EUA, ainda assim muitos esportes (nos EUA, a maioria) não mandam equipes principais.

A Lei Piva, que arrecada 2% do faturamento das loterias federais para o esporte, ajudou muitas modalidades e alguns resultados, de fato, apareceram. Um dos grandes problemas dessa lei é a direção. Historicamente sabemos como é complicada essa relação entre políticos, dirigentes e dinheiro. Exemplos: no basquete, o Grego (presidente da CBB) está há anos no poder; no judô, tivemos a ditadura da família Mamede, que ainda hoje exerce influência nas decisões; no tênis, Guga e sua patota boicotam abertamente a CBT do Nelson Nastas; a CBF, como todos nós sabemos, é uma outra ditadura que tem João Havelenge e Ricardo Teixeira como cabeças.

Lembro-me de fatos questionáveis sobre a aplicação do dinheiro da Lei Piva, fiz uma rápida pesquisa nos arquivos da Folha e vejam só o que constatei: dos R$ 158 milhões que o COB arrecadou para os jogos, 23% (R$ 36,3 milhões) foram gastos em passagens aéreas de dirigentes. Querem mais ? Vejam essa: das 28 entidades que ganham o dinheiro público, oriundo das loterias federais, ao menos 14 não publicaram o balanço de 2003, como exige a legislação. Até mesmo o Comitê Paraolímpico Brasileiro, que fica com 15% da verba da Lei Piva e abocanhou R$ 10 milhões das loterias em 2003, diz que não publicou o seu. De acordo com a lei, confederações que não publicaram seus balanços, não deveriam receber outras parcelas do dinheiro, mas isso não acontece. Aqui vale a máxima: quem não deve, não teme. É uma vergonha, os incompetentes não conseguem nem justificar a grana que eles gastam.

A delegação brasileira em Atenas tem um total de 247 atletas, recorde de participação na história. São 42 atletas a mais do que em Sidney, e 22 a mais do em Atlanta, recorde brasileiro anterior. Serão 125 homens e 122 mulheres. Contando os oficiais (técnicos, auxiliares, preparadores, médicos e pessoal administrativo) a delegação terá um total de 408 integrantes. O mais preocupante é o desempenho. Desde 1920 até hoje, em 18 edições, o Brasil ganhou 66 medalhas olímpicas, 12 ouros, 19 pratas e 35 bronzes. Há delegações que apenas nessa Olimpíada vão ganhar mais. Há ainda delegações muito menores que a brasileira, de países até mais pobres, que conseguem resultados melhores que os nossos. Há algo de podre no COB e no governo, não acham ? Enquanto esses dirigentes e políticos incompetentes, gananciosos e irresponsáveis tiveram a caneta nas mãos, pouca coisa vai mudar. É uma pena.

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