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quinta-feira, julho 29, 2004

Mestre Tostão 

Por Diego Corneta

Não é de hoje que eu considero o Tostão como o melhor comentarista do Brasil. É evidente que eu não concordo com tudo o que ele escreve (ainda bem!), mas ele é uma voz dissonante no marasmo da imprensa esportiva brasileira. Confiram abaixo o texto dele sobre a Copa América, publicado ontem na Folha, 28/07/04. Sei que não é uma prática comum colocar textos de outros veículos em nosso blog, mas esse vale a pena. É de uma clareza impactante.

Nem azar nem sorte 

Por Tostão

Como se esperava, a Argentina marcou por pressão, tomou a bola com facilidade, dominou a partida, criou várias chances de gols, foi muito melhor do que o Brasil, mas não venceu. Não foi apenas azar. Há muito tempo que a Argentina não tem um excepcional atacante. Além disso, os pontas só avançavam pelos lados, e o único atacante (Tévez) recuava para receber a bola. O time finalizou pouco.

O Brasil fez uma péssima partida, ficou acuado no seu campo, não trocou passes, porém empatou e venceu nos pênaltis. Não foi somente sorte. Alex sempre coloca a bola na cabeça do companheiro, e Adriano, mesmo no meio de tantos zagueiros, sempre domina e finaliza rápido e com eficiência. Se a Argentina tivesse um Ronaldo na partida pelas eliminatórias, no Mineirão, e um Adriano na final da Copa América, provavelmente venceria os dois jogos.

Foi uma vitória dos reservas do Brasil contra a maioria dos titulares da Argentina, e não uma vitória dos jovens brasileiros contra os experientes argentinos, como escutei um milhão de vezes. Dos atletas que iniciaram a partida, cinco da Argentina tinham idade olímpica. No Brasil eram três: Maicon, Luisão e Adriano. Quase todos os reservas da Argentina, como Saviola, D'Alessandro, Delgado e Figueroa, irão a Atenas.

Adriano foi o craque da Copa América. Ele só não será titular porque é reserva do maior centroavante do mundo (Ronaldo) e, provavelmente, do maior jogador do mundo (Ronaldinho Gaúcho). Adriano está em boa fase. Ele é um atacante excepcional, como mostrou no Italiano.

Além de Adriano, Júlio César, Juan, Luisão, Alex e Renato confirmaram que estão no nível dos titulares ou próximos deles. Prefiro Juan a Roque Júnior. Grande novidade! Alex, mesmo discreto na maior parte dos jogos, realizou o que fez no Cruzeiro. Nas cinco partidas de que participou, 8 dos 12 gols saíram dos seus pés. Muitas pessoas não enxergam o óbvio. Se a seleção tivesse um atacante com um bom passe, que recuasse e abrisse espaços, Alex faria gols como no Cruzeiro, já que é um ótimo finalizador, com os pés e com a cabeça.

Como era também previsto, Mancini foi um razoável lateral. Ele sempre se destacou na posição de meia direita ou na de ala, do meio para a frente. Gustavo Nery e Maicon estiveram no mesmo nível do Mancini. Luis Fabiano não brilhou e foi ofuscado por Adriano. Em todas as partidas que atuou pela seleção, amistosas e oficiais, ele só esteve bem no amistoso contra a Hungria, quando atuou ao lado do Ronaldinho Gaúcho. Perto de outro centroavante (Ronaldo ou Adriano), Luis Fabiano ficou perdido, sem lugar.

Parreira tentou recuperar Kléberson, mas ele não jogou bem, como nos últimos dois anos. Não entendi a insistência do técnico em pôr Diego no segundo tempo, na vaga de Kléberson. Diego pode jogar 500 partidas nessa posição que não vai se adaptar.
Já Renato se posicionou bem de primeiro volante, marcou corretamente, apesar de perder várias bolas na intermediária do Brasil nos dois últimos jogos. Edu confirmou que não tem velocidade e habilidade para atacar e defender, como deveria fazer. No atual esquema tático, Zé Roberto continua sem um bom reserva.

Contra o Paraguai, Felipe jogou bem o primeiro tempo e foi substituído por cansaço. Diante da Argentina, ele, como Alex, pegou pouco na bola. Se entrasse qualquer meia de ligação, ocorreria o mesmo, já que esse tipo de jogador depende do passe dos laterais e dos volantes. Esses foram totalmente anulados e se limitaram a defender. Virou moda no futebol escalar três volantes para marcar e deixar toda a armação para o meia de ligação. Assim é fácil anulá-lo, principalmente se um dos atacantes não recuar para ajudá-lo.

Com exceção da partida contra o México, o Brasil não brilhou na Copa América. Era previsto, pela ausência dos titulares. Mesmo assim, a equipe foi campeã e mostrou a força e a qualidade do futebol brasileiro.

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