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sexta-feira, junho 25, 2004

Roteiro de uma classificação 

Roteirista e Diretor: Diego Corneta

Cena 1: Início de um jogo de quartas-de-final. Felipão X Sven-Goran Eriksson. Apito inicial. Chutão do goleiro inglês, falha da zaga, pane mental em um dos defensores (no caso, o Costinha). Gol oportunista do Owen.

Nota 1: Calma, o início do roteiro é semelhante, mas o jogo (digo, o filme) não é Brasil X Inglaterra pelas quartas-de-final da Copa 02. Na oportunidade, a pane mental foi no Lúcio, mas o gol foi do mesmo Owen...

Cena 2: Pressão do time português, chances criadas e desperdiçadas. A Inglaterra apresenta sua esquadra e fecha-se em muros. Cole, Campbell, Gary Neville e Terry começam a se destacar na defesa. Um grande jogo cardíaco começa a ser desenhado. No ataque inglês, o infante Rooney dá trabalho à armada lusitana.

Cena 3: A armada britânica perde seu infante. Rooney cai machucado e cede espaço para o intrépido e veloz Vassell. O excelente Cristiano Ronaldo destaca-se nas investidas portuguesas. Fim do primeiro tempo.

Cena 4: Intervalo. Não há mudanças nas esquadras.

Cena 5: Segundo tempo. Portugal tem um começo atabalhoado, erra passes bobos. Inglaterra preocupa-se apenas em defender. O comandante Eriksson pensa que 1 X 0 está de bom tamanho. Saca o apagado Scholes e põe um jogador mais defensivo, outro Neville, o Phil. Portugal pressiona muito, mas o gol não sai.

Cena 6: Almirante Felipão troca Costinha por Simão, um recruta mais ofensivo. O time melhora, mas o gol teima a sair. Mais trocas. Saem Figo, claramente chateado, e Miguel. Entram Postiga e Rui Costa. Apreensão, o Felipão abdica de sua estrela maior, o Figo.

Cena 7: Simão tenta cruzar e é barrado. Na segunda tentativa ele consegue. Gol do jovem Postiga. Golo de Portugal. O estádio explode em alegria lusitana e lamentações britânicas. Brilha a estrela de Felipão. O comandante é iluminado. Dois jogadores que entraram são os protagonistas no lance do gol.

Nota 2: Eu compreendo perfeitamente a escolha do Felipão ao sacar o Figo. Vejam bem, o Figo não estava bem, deu um chute perigoso no segundo tempo e foi só. Felipão precisava melhorar o ataque, mas sem se descuidar da defesa. Foi uma escolha óbvia, sacou o Figo e deixou o Deco. Por quê ele deixou o Deco ? Simples, o brasileiro naturalizado marca melhor que o Figo. Deco ficou cobrindo a lateral direita, Postiga foi ao ataque, e para compensar na criação (função do Figo e do Deco), Felipão colocou Simão e Rui Costa (no lugar do lateral direito Miguel). Parece complicado, mas foi uma mudança de peças genial. Scolari é definitivamente um grande técnico. Cabeça dura, mas muito bom.

Cena 8: Primeiro tempo da prorrogação. Moral alta do time português. Eles pressionam muito e o gol não sai. A Inglaterra demonstra frieza e tenta segurar-se lá atrás.

Cena 9: Virada de campo. Segundo tempo da prorrogação. Rui Costa marca um golaço. O estádio da Luz brilha intensamente. Emoção e geral nas arquibancadas, no campo e no banco de reservas lusitano.

Cena 10: Típico lance inglês. Mecânico, automático. Escanteio cobrado por Beckham. Algum grandalhão escora no segundo pau. Bola para o meio da área pequena. Gol do Lampard. Empate inglês. Um balde de água fria despeja sobre o lado luso do estádio. A nação portuguesa gela, treme. Hooligans vibram em algum pub inglês. Aumenta o consumo de cerveja nas ilhas britânicas.

Cena Final: Pênaltis. Beckham torce o pé de apoio e erra o chute de uma maneira ridícula. Alguém precisa, urgentemente, ensinar o galã a cobrar pênaltis - pensa uma fã inglesa. Portugal segue firme até o erro do Rui Costa. Empate na série de cinco, seguem as alternadas. Na segunda rodada, sem luvas, a aposta de Felipão que atende pela alcunha de Ricardo, defende o pênalti do intrépido Vassell. O próprio Ricardo cobra o pênalti derradeiro. Golo. Portugal classifica-se.

Nota 3: O juiz Urs Meier foi impecável. Atuação condizente com o belo espetáculo do jogo.

Cenas do próximo episódio: Portugal iguala-se às suas melhores posições em Eurocopas. Quarto lugar em 1984 e 2000. O país está em festa. Os teimosos jornalistas esportivos (quase um pleonasmo, quase) curvam-se para Felipão. Portugal aguarda o vencedor do embate entre Holanda X Suécia.

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