sexta-feira, maio 07, 2004
Ascensão e queda do Diego – parte 3
Por Diego Corneta
Depois do “positivo” no exame antidoping, a carreira do craque argentino ruiu de forma abrupta e definitiva. Na Copa dos EUA, em 94, foram as últimas grandes aparições do Diego. Depois da suspensão ele ainda fez alguns jogos pelo Boca (95 até 97). Fez inclusive alguns belos gols (craque não desaprende a jogar), mas Diego já não era mais o mesmo, sua dependência o atrapalhava e sua condição física também. Nos dias que sucederam a saída do Maradona na Copa e ainda até hoje, há certas teorias conspiratórias que pregam a possibilidade de uma armação. Correu uma história que a CIA poderia estar envolvida, pois o Diego estava fazendo propaganda de Cuba dentro do território americano. A história tem requintes dignos de um filme, envolvendo uma missa em Boston, a hóstia e a água benta que Maradona teria ingerido. Essa história, por mais hollywoodiana que possa soar, não deve ser prontamente descartada. Para quem leu as recentes bombásticas entrevistas do Carlos Costa (ex-chefe do FBI no Brasil) para a revista “Carta Capital”, sabe muito bem do que os gringos são capazes de fazer.
Não mais jogando futebol, Maradona dedicou-se a ele mesmo. Viajou, comeu, engordou, participou de eventos, cheirou, cheirou e cheirou. O caso dele é crônico, seu vício é patológico. Uma verdadeira doença. Quatro anos mais tarde, na Copa de 98, na França, a Argentina (só para variar) tinha uma grande equipe. Caiu nas quartas-de-final diante da Holanda, outra grande equipe. Quando todos achavam que a partida seguiria para a prorrogação, Denis Bergkamp marcou um gol improvável nos minutos derradeiros e desempatou, 2 X 1 para a Holanda. A Argentina vinha bem, acabara de eliminar seus arqui-rivais ingleses, mas estava fora da Copa. Houve quem disse que o Maradona deveria ter sido convocado. É verdade, antes da Copa teve uma pressão dos argentinos para convocar o Diego. E depois, com a desclassificação, disseram que o faltou o redentor estar em campo.
Outros quatro anos se passaram. Outra Copa, a de 2002 na Coréia/Japão. Diego tem problemas para conseguir entrar no Japão. Os japoneses não permitem entrada de usuários de drogas. Quando ele chegou, sua Argentina se despedia da Copa logo na primeira fase. Um fiasco total. Ainda mais depois da expectativa que foi criada. O fato que gostaria de relembrar é justamente a final entre Brasil X Alemanha. Depois do jogo, na premiação, estavam todos os grandes e poderosos em campo. Joseph Blatter, Pelé, Cruyff, Platini, Beckenbauer, entre outros. Maradona podia muito bem estar entre eles. Mas não, foi flagrado nas arquibancadas com um largo sorriso no rosto. Deveria estar contente com a vitória do Brasil, ele sempre gostou do nosso futebol e seu maior ídolo é o Rivellino. Sempre gostei dessa postura “outsider” do Diego. Sempre admirei sua coragem para falar o que lhe vier à cabeça. Sempre aplaudi suas constantes desavenças com a FIFA e com o “establishment, de uma maneira geral.
Outra imagem que eu gostaria de ressaltar foi seu encontro com Fidel Castro, em Cuba. Diego foi para lá se tratar da sua aguda dependência química. Foi uma cena que diz muita coisa sobre nós, a América Latina. Diego e Fidel se abraçavam e choravam compulsivamente. Um craque e um líder decadentes. Um foi glorioso no futebol, outro foi glorioso na política, derrubando uma ditadura, promovendo uma revolução e, posteriormente, instaurando outra ditadura. Muito das nossas paixões e dos nossos traumas transpirava daquela cena, um microcosmo da América Latina. Somo passionais sim. Somos subdesenvolvidos sim. Somos decadentes sim. E choramos. Choramos muito.
Aguardem o capítulo final....
Depois do “positivo” no exame antidoping, a carreira do craque argentino ruiu de forma abrupta e definitiva. Na Copa dos EUA, em 94, foram as últimas grandes aparições do Diego. Depois da suspensão ele ainda fez alguns jogos pelo Boca (95 até 97). Fez inclusive alguns belos gols (craque não desaprende a jogar), mas Diego já não era mais o mesmo, sua dependência o atrapalhava e sua condição física também. Nos dias que sucederam a saída do Maradona na Copa e ainda até hoje, há certas teorias conspiratórias que pregam a possibilidade de uma armação. Correu uma história que a CIA poderia estar envolvida, pois o Diego estava fazendo propaganda de Cuba dentro do território americano. A história tem requintes dignos de um filme, envolvendo uma missa em Boston, a hóstia e a água benta que Maradona teria ingerido. Essa história, por mais hollywoodiana que possa soar, não deve ser prontamente descartada. Para quem leu as recentes bombásticas entrevistas do Carlos Costa (ex-chefe do FBI no Brasil) para a revista “Carta Capital”, sabe muito bem do que os gringos são capazes de fazer.
Não mais jogando futebol, Maradona dedicou-se a ele mesmo. Viajou, comeu, engordou, participou de eventos, cheirou, cheirou e cheirou. O caso dele é crônico, seu vício é patológico. Uma verdadeira doença. Quatro anos mais tarde, na Copa de 98, na França, a Argentina (só para variar) tinha uma grande equipe. Caiu nas quartas-de-final diante da Holanda, outra grande equipe. Quando todos achavam que a partida seguiria para a prorrogação, Denis Bergkamp marcou um gol improvável nos minutos derradeiros e desempatou, 2 X 1 para a Holanda. A Argentina vinha bem, acabara de eliminar seus arqui-rivais ingleses, mas estava fora da Copa. Houve quem disse que o Maradona deveria ter sido convocado. É verdade, antes da Copa teve uma pressão dos argentinos para convocar o Diego. E depois, com a desclassificação, disseram que o faltou o redentor estar em campo.
Outros quatro anos se passaram. Outra Copa, a de 2002 na Coréia/Japão. Diego tem problemas para conseguir entrar no Japão. Os japoneses não permitem entrada de usuários de drogas. Quando ele chegou, sua Argentina se despedia da Copa logo na primeira fase. Um fiasco total. Ainda mais depois da expectativa que foi criada. O fato que gostaria de relembrar é justamente a final entre Brasil X Alemanha. Depois do jogo, na premiação, estavam todos os grandes e poderosos em campo. Joseph Blatter, Pelé, Cruyff, Platini, Beckenbauer, entre outros. Maradona podia muito bem estar entre eles. Mas não, foi flagrado nas arquibancadas com um largo sorriso no rosto. Deveria estar contente com a vitória do Brasil, ele sempre gostou do nosso futebol e seu maior ídolo é o Rivellino. Sempre gostei dessa postura “outsider” do Diego. Sempre admirei sua coragem para falar o que lhe vier à cabeça. Sempre aplaudi suas constantes desavenças com a FIFA e com o “establishment, de uma maneira geral.
Outra imagem que eu gostaria de ressaltar foi seu encontro com Fidel Castro, em Cuba. Diego foi para lá se tratar da sua aguda dependência química. Foi uma cena que diz muita coisa sobre nós, a América Latina. Diego e Fidel se abraçavam e choravam compulsivamente. Um craque e um líder decadentes. Um foi glorioso no futebol, outro foi glorioso na política, derrubando uma ditadura, promovendo uma revolução e, posteriormente, instaurando outra ditadura. Muito das nossas paixões e dos nossos traumas transpirava daquela cena, um microcosmo da América Latina. Somo passionais sim. Somos subdesenvolvidos sim. Somos decadentes sim. E choramos. Choramos muito.
Aguardem o capítulo final....