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quinta-feira, abril 15, 2004

Eterno retorno: no Pacaembu mais uma vez 

Por Diego Corneta

É o eterno retorno. Saí da estação Santa Cecília meio ressabiado. “Será que o Corinthians vai engrenar ?” – pensava solitário. O retrospecto não era nada animador. Quatro amistosos com time inexpressivos, três derrotas e um empate. O elenco é exatamente o mesmo que fez uma campanha vexatória no Paulistão. Mesmo assim o Pacaembu sempre me atrai. É um magnetismo que em certas oportunidades torna-se tão forte a ponto de ser inevitável. O dia estava horrível, chuviscos e friozinho, tipicamente paulistano. Relutei inutilmente em ir ao estádio. “Com esse tempo...”. Algumas horas antes do jogo, eu já estava plenamente decidido. O Pacaembu sempre fala mais alto.

Liguei para um parceiro, amigo e corneteiro de plantão. O Anselmo disse a resposta esperada: “Vamos !” No trajeto entre a estação do metrô e a casa do Anselmo ainda encontrei alguns outros corintianos. Todos apresentavam a mesma cara de interrogação, mas certamente todos também são atraídos pelo mesmo magnetismo que puxa os torcedores para o Pacaembu.

O público, mais de 8 mil pessoas, superou minhas tímidas expectativas. O tempo, aberto e sem sinal de chuvas, também. Depois de algumas latas de cerveja e muitas especulações, nós entramos no estádio e sentamos num local privilegiado, em frente ao campo. E quem conhece o Pacaembu sabe que as arquibancadas laterais são as melhores da cidade para ver algum jogo, são próximas ao gramado e proporcionam sentir o jogo, além de ver o ouvir. Ouvimos inclusive os gritos e chutes dos jogadores.

O primeiro tempo foi péssimo. O Corinthians deu apenas um chute ao gol, com o Fabinho. Um chute fraco e torto. Teve ainda uma falta batida pelo Coelho que parou na barreira. E foi só. O Fortaleza é um time ridículo e também não apresentou perigo para o Fábio Costa. O Timão estava sem meio-de-campo, sem armação. Renato acabará de voltar depois de um longo tempo inativo. Estava visivelmente fora de ritmo. O Fabrício tenta, tenta e não faz absolutamente nada. O Rincón anda em campo e passa bolas laterais, finge que joga. O Fabinho estava irreconhecível, errava muitos passes. O Gil até que realizou uma ou duas boas jogadas. E o Jô... Coitado do Jô ! Falaram que ele era um centro-avante, e ele acreditou. Não consegue fazer uma jogada, não mata uma bola e insistia em sair da área para receber a bola. Esse foi seu maior erro durante o jogo todo, fora da área ele é inútil e dentro da área a bola nunca chega.

Intervalo. Ainda bem. Tempo para uma rápida mijada e mais alguns comentários com o Anselmo. O clima de descontentamento na torcida era geral. E, verdade seja dita, a torcida teve um comportamento exemplar. Apoiou o time durante os mais de 90 minutos. Só vaiou e protestou no final da partida.

O Corinthians subiu do túnel com a mesma formação insossa, e só com 16 minutos que o Oswaldo mexeu no time. Sacou o Fabinho e pôs o Wilson. Inútil, a equipe não esboçava reação alguma. Em meio a todo esse sofrimento, o Corinthians ainda tomou alguns sustos, e o Fortaleza perdeu duas chances de gol. Uma foi para fora e outra que o Fábio Costa tirou com o pé. Depois foi a vez de trocar o Renato pelo Rodrigo. A equipe melhorou um pouco e finalmente chutava no gol. Fabrício, Rincón e Wilson tiverem chances e desperdiçaram. No final o Oswaldo ainda tirou o coitado do Jô e colocou o coitado do Bobô, outro que foi iludido quando lhe falaram que ele era um centro-avante. Se juntarmos os três jovens centro-avantes Jô, Bobô e Wilson, não conseguimos sequer formar um arremedo de um bom jogador. Os três são péssimos e precisam evoluir muito para jogarem na equipe principal do Timão.

Preciso também dizer que os dois laterais também foram ridículos e erraram todos os cruzamentos. Repito, todos. Somente nos escanteios o Corinthians conseguiu cabecear algumas bolas. E só em escanteio mesmo, pois em cobranças de faltas laterais, era um desperdício. Os laterais são esforçados, mas também precisam comer muito feijão para vestir a camisa alvinegra.

Saí do Pacaembu muito decepcionado e sem perspectiva positiva para um curto prazo. Não era o único a pensar assim. O momento raro de alegria dos torcedores foi o anúncio do gol do Goiás em cima do Palmeiras. Muito pouco, muito pouco. E o pior é a certeza que fica: se o Corinthians passar pelo Fortaleza, no próximo jogo eu estarei no Pacaembu de novo. E não estarei sozinho. É o eterno retorno.

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